sexta-feira, 25 de maio de 2018

A música adventista e a adoração no século 21


Que música é adequada para adoração na perspectiva da filosofia adventista? 

Por: Gilberto B. da Silva*


Introdução 

A música é uma expressão. Juan Sebastián Guevara Sanín a define como linguagem divina. A música pode expressar em sons as emoções que, em qualquer idioma, ficam curtas as palavras.1 É um elemento de adoração do céu. Foi instituída por Deus no céu com a finalidade de ser executada por seres criados como um ato de adoração ao Criador. Adorar é a expressão de amor e gratidão por quem é Deus e pelo que fez e faz por nós. Quando Deus criava todas as coisas, a música estava presente: “… quando as estrelas da alva juntas, alegremente cantavam, e rejubilavam todos os filhos de Deus?” (Jó 38:7). 

A música em adoração a Deus esteve presente quando do seu ato salvífico a Seu povo do cativeiro egípcio: “Então cantou Moisés e os filhos de Israel este cântico ao Senhor…” (Êxodo 15:1); e em toda a Bíblia há muitíssimas referencias do canto a Deus: 1 Crônicas 25:6, Neemias 11:22, Jó 21:12… Também nos Salmos o louvor a Deus é mencionado várias vezes: Salmos 33:2, 47:6, 58:5, 98:4-5, 147:7, 149:3… O nascimento do Messias foi recebido com alegres cantos de seres angelicais:
“Então de repente, apareceu junto com o anjo uma multidão da milícia celestial, louvando a Deus, e dizendo: Gloria a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens de boa vontade”. (Lucas 2:13).

A salvação final do povo de Deus sobre o pecado também será marcada por canto de vitória (Apocalipse 14:3; 15:3). 

Como adventistas do sétimo dia, cremos e pregamos que Jesus breve virá outra vez. Em nossa proclamação mundial das mensagens dos três anjos de Apocalipse 14:6-12 chamamos a todos os povos a aceitar o evangelho eterno, louvar a Deus o Criador e preparar-se para encontrar com nosso Senhor em seu breve regresso. Desafiamos a todos a escolher o bom e não o mal para que “renunciando à impiedade e aos desejos mundanos, vivamos neste século sóbria, justa e piedosamente, aguardando a bendita esperança e a manifestação gloriosa de nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo” (Tito 2:12, 13). Por isso nossa música deve ser peculiar.

A música no contexto do Grande Conflito
A música está inserida no contexto de adoração. Não existe neutralidade moral na música. No universo, duas forças lutam pela supremacia e a questão em pauta é a adoração. Esta realidade é o grande conflito entre e o bem e o mal. Estas duas forças reclamam nossa adoração. Temos que nos posicionar de um ou de outro lado. Não há ponto neutro e a música é um elemento importantíssimo, porque, tem que ver com adoração.

Por isso é de importância vital entender o papel e a influência da música em nossa vida dentro da realidade do grande conflito entre o bem e o mal. Ellen White disse que “Satanás havia dirigido o coro celestial. Havia dado a primeira nota; então todo o exército angelical se unia a ele e gloriosos acordes musicais haviam ressoado através do Céu em honra a Deus e Seu amado Filho.”²  Então está claro que ele tinha não só uma posição privilegiada, como também dons especiais, um deles: a de reger o coro celestial.

Como resultado de sua rebelião foi expulso do céu, mas, Deus não lhe tirou todos seus dons e capacidades musicais. Seus intentos de lutar para destruir o governo de Deus e a adoração a Ele não desvaneceram. Falando de sua capacidade musical, Ezequiel 28:13 disse: “…em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros, no dia em que foste criado foram preparados” (Almeida, Revista e Corrigida). Ao mencionar tambores e pífaros, mostra que ele, Lúcifer, tem grande compreensão tanto do lado rítmico como do lado melódico. É um músico nato. Ao longo de toda a humanidade nunca houve alguém que saiba tanto de música como ele na terra. 

Agora, suponhamos que uma pessoa é muito boa em matéria de matemática. Será que, essa pessoa vai fazer vestibular de psicologia, línguas ou talvez culinária? Claro que não! Vai fazer matemática. Se Satanás entende muito de música, será que ele vai utilizar a música como estratégia para perverter a adoração? Claro que sim! A música é no mínimo poderosa.³ A pessoa que mais entende de música comparada com o anjo que menos sabe de música, é desafinada.  

 “Nos últimos dos mil anos, a música tem sido considerada uma força tão potente e influente na sociedade, que os principais políticos e filósofos defenderam seu controle pela Constituição da nação.”4

Um dos principais legados da música dos anos 60 e a revolução que trouxe para a sociedade para os dias de hoje é uma inversão da estrutura rítmica nunca antes utilizada desta forma. O equilíbrio biológico e rítmico de nosso corpo é com ênfase no primeiro tempo e segunda ênfase paralela no terceiro. A música dos anos 60 e todas as músicas que nasceram deste berço fizeram uma inversão desta sequência5

  O Documento Filosofia Adventista Do Sétimo Dia Da Música apresenta os princípios fundamentais para a eleição da música do cristão: “(1) Toda música que o cristão escute, interprete ou componha, seja sacra ou secular, deve glorificar a Deus (1Cor. 10:31). (2) Toda música que o cristão escute, interprete ou componha, seja sacra o secular deve ser o mais nobre e o melhor. (3) A música deve caracterizar-se por ser de qualidade, equilibrada, apropriada e autêntica. Fomentará nossa sensibilidade espiritual, psicológica e social, e nosso crescimento intelectual. (4) Apelará tanto ao intelecto como às emoções e terá um efeito positivo sobre o corpo. (5) revelará criatividade com melodias de qualidade, artística, com ritmos que a complementem. (6) Letras que estimulem positivamente habilidades intelectuais, emociones e vontade, conteúdo de valores morais; evocam e elevam; e se correspondem com uma teologia bíblica sólida. (7) Os elementos musicais e literários devem influir sobre o pensamento e a conduta em concordância com os valores bíblicos. (8) Deve manter um equilíbrio prudente dos elementos espirituais, intelectuais e emocionais. (9) Reconhecer e aceitar a contribuição de diferentes culturas na adoração a Deus.”6

Um pouco da história da música ocidental  
Em todas as culturas a música sempre esteve presente e ligada principalmente com o culto ou ritual religioso. Mas em nosso contexto atual é importante recordar o berço da cultura de nossa música atual que surgiu da miscigenação cultural que ocorreu nos Estados Unidos durante a colonização. 7

Primeiro, por um lado temos  o que ocorreu na Europa: o que chamamos de música clássica e que seguiu um rumo melódico (o canto gregoriano) e depois o período do renascimento, o barroco, o clássico e o romântico. Havia alguns mecenas que patrocinavam a música, mas quem controlava basicamente a música era a igreja. Por isso grande parte da música clássica dessa época tem contextos religiosos. Nesta altura o rumo era melódico.

Os europeus saem para os descobrimentos e vai acontecer um fenômeno que está na base de nossa cultura musical. Os europeus vão à África para trazer de lá escravos e encontram uma música que também é espiritual. O feiticeiro era quem dirigia toda a adoração. A música na África é mais rítmica, com tambores, o adorador entra em êxtase e “sente” a música intimamente. Do êxtase ele para um estado de transe como que está hipnotizado; no estado de transe baixam-se os espíritos, há manifestações estranhas, cai no chão, agita-se convulsivamente, espuma, depois o espírito sai e o corpo se desfalece. Assim termina a adoração.

Dali levam seus escravos africanos para o novo mundo onde se encontram os índios que também tem uma música rítmica. Cantam e dançam para chamar os espíritos bons, para afastar os espíritos maus; dançam para a chover, para parar de chover. Agora estas três culturas vão se reunir e ser miscigenadas (ou mescladas, misturadas) no novo mundo; vamos encontrar ali então o rumo melódico europeu com o rumo rítmico africano e dos índios; há uma mistura destas três vertentes musicais. 8

Depois há o fenômeno da guerra norte-sul e a libertação dos escravos. O homem negro agora trabalha não mais por açoitadas, mas por salário e com seu dinheiro pega instrumentos empenhorados e instrumentalizam sua música. Daqui vão nascer duas vertentes musicais. De um lado, temos afro-americanos que apesar de haver sido escravos acreditam em Deus como sua forma de libertação e que querem louvar a Deus e cantam o que nós chamamos de espirituais negros: “Cum bái ya mai Lord, cum bái ya” que é: “Come by here my Lord, my come by here.” “Swing Lord, Swing chariot, Coming for to carry me home” com sotaqueDo outro lado, temos afro-americanos que não vêem a Deus como sua forma de libertação. Seus deuses são aquilo que eles deificam em sua música. Então eles criam o blues que significa em sua essência melancolia, e que também era uma deificação, portanto, das drogas, do êxtase e da depressão. 9

blues dá origem ao swing e ao jazz.10 Vem de uma expressão um pouco obscena que se referiam ao movimento do corpo (swing = balanço corporal) e a ejaculação (jazz) no ato sexual que tem que ver com o clímax da música. Os nomes destas músicas deificam aquilo que estes afro-americanos que rejeitam a Deus acreditam. É daqui que vai nascer a cultura de nossa música atual. Este é o berço da essência da cultura da música ocidental. Os espirituais negros passam a ser aquilo que era o gospel original, que não tem nada que ver com o que se chama hoje como música gospel. Do outro lado do blues, do swing e do jazz vai nascer o rock and roll como estilo musical. “Rock and roll”, era una expressão utilizada nos guetos de Nova York para referir-se ao sexo livre no assento traseiro de um carro. 11

 E o rock, por sua vez, depois da revolução dos anos 60, influencia todos os estilos que, de aí em diante surgem. 



Conclusão
Com base na abordagem histórica da origem da música contemporânea ocidental, temos que ser cuidadosos ao escolher uma música para oferecer a Deus. O Manual da Igreja é bem enfático ao afirmar que se deve exercer grande cuidado na escolha da música no lar, nos encontros sociais, nas escolas e igrejas. Toda melodia que partilhe da natureza do jazzrock ou formas híbridas relacionadas ou toda linguagem que expresse sentimentos tolos ou triviais, serão evitadas. (Ver p. 97, 101, 151).12

E o Espírito de Profecia diz: 
“Se empregava a música com um propósito santo, para elevar os pensamentos àquilo que é puro, nobre e enaltecedor, e para despertar na alma a devoção e a gratidão a Deus” (Patriarcas e profetas, p. 644). Jesus “mantinha comunhão com o Céu mediante o canto” 12

Como adventistas, temos uma mensagem específica e relevante para nossos dias que creio são os dias finais da história deste mundo. A mensagem trata-se da verdade presente para este tempo que é a tríplice mensagem de Apocalipse 14:6-12. Nossa música tem que refletir nossa mensagem senão estaremos sendo incongruentes, pregando uma poderosa mensagem profética e ao mesmo tempo utilizando a música de Babilônia, a qual a mensagem denuncia. 


 REFERÊNCIAS
¹ Sanín Guevara, Juan Sebastián. Teoría De La Música, pág. 1.
² WHITE. História da Redenção, livro 3 Consequências da Rebelião, pág. 25.
³ Pr. Fernando Lopes. Palestra sobre música no Congresso Jovem de 2005 em Juína-MT. 
4    BACCHIOCCHI, Samuele. The christian and rock music: a study on biblical principles of music. Michigan: Biblical Perspectves, 2000, 4 p. 21.
5    DALLA, Leandro. Música, reverência e adoração: o propósito de Deus. Vitória: GSA, 2014, p. 136.  
6    Documento A Una Filosofía Adventista Del Séptimo Día De La Música. Una Filosofía Adventista Del Séptimo Día De La Música, pág. 2,3. (https://revista.adventista.es/2014/01/una-filosofia-adventista-sobre-la-musica/).
7    REVISTA BRASILEIRA DE ESTUDOS DA CANÇÃO – ISSN 2238-1198, Natal, v.1, n.1, jan-jun 2012. O Blues como uma estrutura fundamental do Jazz: Progressões lineares não-tonais e técnica de redução schenkeriana adaptada ao contexto afro-americano. págs. 129, 130.

8    SILVA, Rafael Palmeira da. Estruturas Fundamentais No Blues: Adaptação De Conceitos Schenkerianos Considerando A Inflexão Melódica Afro-Americana E Seu Desenvolvimento No Jazz. Curitiba, 2012, págs. 25, 26.  
9    DALLA, Leandro. Música, reverência e adoração: o propósito de Deus. Vitória: GSA, 2014, p. 33-36.
10 Silva, Rafael Palmeira da. Estruturas Fundamentais No Blues: Adaptação De Conceitos Schenkerianos Considerando A Inflexão Melódica Afro-Americana E Seu Desenvolvimento No Jazz. Curitiba, 2012, págs. 25, 26. 
11 DALLA, Leandro. Música, reverência e adoração: o propósito de Deus. Vitória: GSA, 2014, p. 38.
12 MANUAL DA IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA. Trad. Ranieri Sales. 21 ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2011, p. 151.
13 White. El Deseado de Todas las Gentes, p. 54)

  


*Gilberto B. da Silva - Bacharelando em Teologia pelo SALT (Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia)-IAENE


segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Aconselhamento bíblico eficaz

 
    O livro Aconselhamento Bíblico Efetivo, de Lawrence J. Crabb Jr., é relevantemente recomendável, pois nem sempre sabemos como direcionar um aconselhamento e por isso corremos o risco de fazer uso do que não é bíblico, se valer de pressupostos que solapam as Escrituras de maneira sorrateira e, em vez de agradar a Deus, estar agradando a si mesmo e aos outros apenas para fazê-los sentir-se bem.

    Este livro nos leva a entender a verdadeira razão para se resolver os problemas: um relacionamento profundo com Deus, o dejeso de agradá-lo;  a suficiência de Cristo que dá "significado e segurança". E isso me parece recomendável, pois reflete nossa necessidade.
 
    Esta leitura mostra as fontes de onde surgem as ideias seculares que predominam os pensamentos dos profissionais atuais e como esses pensamentos permeiam os aconselhamentos na igreja. Ficou bem claro na exposição do livro aquilo que útil das contribuições de teóricos seculares e também aquilo que é tanto dispensável como perigoso e que deve ser rejeitado pois ameaça as doutrinas bíblicas, como por exemplo uma delas, a justificação de Cristo pela fé.

    Isso ajudará a ter critério, bom senso, na hora de orientar através do aconselhamento alcançando uma efetividade sem comprometer o alvo bíblico. Como diz o autor, esta leitura, ajudará a levar a pessoa que está sendo aconselhada a alcançar a sua maturidade que é quando se aproxima de Cristo, pois devemos "olhar" a psicologia pelas lentes da Bíblia e não o contrário.



Relatório de leitura
Referência:

JR, Lawrence J. Crabb. Aconselhamento Bíblico Efetivo. Brasília: Refúgio Editora, 1985.

sábado, 25 de novembro de 2017

Os desafios do ministério pastoral hoje


A classe de pastores sofre uma crise de descrédito como nunca antes, desencadeada pela falta de integridade teológica e moral entre os pastores. Essa crise deve-se à ameças que rondam os pastores, dentre elas, algumas: pastores não conversos que vivem uma farsa; falta de vocação para o ministério; indolência e descuido; ganância pelo ganho e desinteresse pela salvação das pessoas; instabilidade emocional; insegurança no ministério; pastores com equívocos teológicos no ministério; pastores autoritários e dominadores e pastores sofrentes do despotismo; excessivo romantismo do ministério; pastores com o matrimônio arruinado; desregramento financeiro e pecado no ministério.
É pela Sua graça que Deus dá a vocação aos pastores para servir à Sua igreja com humildade, cuja missão de apascentar é nutrir a igreja com a Palavra de Deusa, defender a igreja das ferozes ameças de heresias, relacionar-se com os membros para auxiliá-los e animá-los. Sendo o pastor vocacionado, ou seja chamado por Deus, ele cuida do rebanho de Deus com conhecimento e agudeza de espírito.
Diante do atual quadro de crise política e moral, assim como nos tempos de Elias, é grave também, a apostasia espiritual prevalecente. Elias serve como um exemplo de preparo para o pastor para enfrentar a atual crise e, a chave para esse preparo é a oração. Não pode haver vida de pregação sem oração. Antes de que o pastor seja enviado a trabalhar para Deus, Deus quer trabalhar na vida do pastor, preparar o pastor chamando-o ao deserto e à fornalha a fim de prová-lo para estar pronto para a batalha espiritual.
Para romper com a crise espiritual pastoral, o pastor precisa de verdadeira e profunda piedade. Piedade significa viver o que se prega e não apenas uma aparência e agir profissionalmente. Trata-se também viver uma vida oração, estreiteza com Deus, que é mais importante que a pregação. Não pode haver pregação nem elaboração de planos independentes de oração. E a pregação no púlpito também exige estudo constante da Palavra de Deus. Os pastores precisam da unção do Espírito Santo que vem somente através de uma vida de oração para se tornarem pregadores cheios de poder. Uma outra coisa que deve haver é a pregação com paixão, e esta significa forte princípio.
2 Tessalonicenses 2 apresenta 3 características de como deve ser a vida do pastor hoje, quais sejam: procura conversão das pessoas e não comodidade; procura trabalhar em vez de alcançar lucros; e procura antes a aceitação de Deus que dos homens. O apóstolo Paulo foi pregador que demostrava ser produtivo no ganhar almas e com seu desprendimento sincero, apresentava sua mensagem sem lisonjear, mas com amor e cuidado como que de mãe. Ele se identificava com as ovelhas e por isso, a palavra apresentada era eficaz. Deus era glorificado e o povo fortalecido para a luta espiritual e confirmado para o encontro com o Senhor na sua segunda vinda.
2 Timóteo 4:6-23 nos ensina através da vida de Paulo que a vida pastoral é também marcada pelo sofrimento, mas a graça de Deus nos habilita a encarar a luta e a dor com a esperança da recompensa. Nos combates de Paulo, a graça de Deus o capacitou a enfrentar o sofrimento da dor solidão, do desprezo e do esquecimento, de perseguições, fortes oposições e privações físicas, mentais e espirituais.
Em Atos 20:17-38, são apresentados sete compromissos que o pastor tem. Primeiro é com Deus, ou seja, relacionar-se com Ele, pois está a Seu serviço e isso demanda humildade. O pastor precisa ter compromisso consigo mesmo, pois é necessário pastorear a si mesmo antes de pastorear a igreja; necessário vigiar para não cometer aquilo que reprova nem cair no descrédito. É necessário compromisso com a Palavra Deus, pois ela deve ser pregada com fidelidade para a salvação, não apenas para multidões, mas também para pequenos grupos. O pastor tem compromisso também com o ministério, pois para isso foi chamado e consagrado e, esse deve ser exercido com abnegado esforço e entusiasmo. Em seu compromisso com a igreja, deve cuidar de todos e não só dos mais maleáveis, não se impôr nem explorar, defender o rebanho dos ataques dos lobos, tanto de fora quanto de dentro. Outro cuidado devido é com o dinheiro para que este não afete o motivo para servir à obra nem sua falta afete à sua dedicação. Por fim, demonstrar afeto especialmente de maneira verbalizada.
Embora o apóstolo Paulo tivesse o direito de mantido pela igreja, preferiu não fazer uso desse direito para não causar dificuldade ao evangelho, por amor aos pecadores e a si mesmo. Esse direito estava pautado no seu próprio apostolado, na sua experiência humana e a prática do sistema levítico da lei do Antigo Testamento. Os pastores devem exercer seu ministério sem pensar em lucros não podem ser remissos; as igrejas não devem deixar de ser fiéis na manutenção de seus obreiros.


Resumo livro:
LOPES, Hernandes Dias. De pastor a pastor: princípios para ser um pastor segundo o coração de Deus / Hernandes Dias Lopes. São Paulo: Hagnos, 2008.

domingo, 17 de setembro de 2017

O cristão pode usar joias?


O que a Bíblia diz sobre o uso de joias? O cristão pode usar joias? Existem princípios claros nas Escrituras sobre o uso de joias? Esse é um tema que tem gerado bastante discussão: o uso de joias e adornos, debatido entre cristãos, sobretudo os evangélicos tradicionais e modernos. Uns são a favor e outros, contrários.

É perceptível que muita gente tem demonstrado disposição para mudar com relação a vestimenta, a adereços e outros detalhes. Nem todo todos acham que seja importante ou obrigatório. Dentre muitas ideias, uma interessante é: "Não acho que Deus se importa com a minha aparência exterior, ele se importa mesmo é com o meu coração, minha sinceridade". Para alguns o que importa é o que vai no interior. Já ouvi até alguém dizer, por exemplo, que "os meus brincos e os meu colares e pulseiras que eu uso em meu corpo não me tiram do céu, porque quem salva é só Jesus".

Essas afirmações tem um pouco de verdade, mas, no entanto, é uma armadilha enganosa e perigosa, simplesmente porque deixam de levar em consideração que, apesar de certas coisas não determinarem um meio de salvação, certamente revelam a resposta de um coração de alguém que experimenta a graça salvadora e a transformação que tal graça efetuou/efetua no coração de quem a recebe. Em outras palavras, como é impossível um trator passa por cima de uma pessoa e essa não sofrer nenhuma mudança, é impossível não ser perceptível uma mudança até mesmo no exterior de alguém que é "atingido" pela salvação de Jesus.

Sendo assim, é claro que a Bíblia tem princípios e diretrizes para a vida daqueles que trilham o caminho do reino de Deus. As normas de vida cristã não são sem sentido e irrazoáveis. Os princípios bíblicos transpõem época e cultura e não são mutáveis nem redefiníveis por usos e costumes e isso se dá com relação à joias e adereços. Passemos agora para o que a Bíblia diz sobre o assunto: 

Quem usava joias?
1) (Juízes 8:24 - NVI). "E prosseguiu: Só lhes faço um pedido: que cada um de vocês me dê um brinco da sua parte dos despojos. (Os ismaelitas costumavam usar brincos de ouro)". 

Era costume dos povos pagãos usarem brincos, pendentes.

2) (Números 31:50 - NVI). "Por isso trouxemos como oferta ao Senhor os artigos de ouro dos quais cada um de nós se apossou: braceletes, pulseiras, anéis de sinete, brincos e colares; para fazer propiciação por nós perante o Senhor".

Nesse contexto vemos que os objetos de ouro eram despojos dos inimigos do povo de Deus.

O uso de joias ligado à idolatria
1) (Gênesis 35:4 – NVI) “Então entregaram a Jacó todos os deuses estrangeiros que possuíam e os brincos que usavam nas orelhas, e Jacó os enterrou ao pé da grande árvore, próximo a Siquém.”

Percebe-se aqui que junto com os brincos usados nas orelhas, os da família de Jacó entregaram os ídolos (“deuses estranhos” – ARA), mostrando a relação que havia entre o estilo de vida, o culto pagão e o uso de objetos pendentes no corpo. Esse costume de origem pagão alguns da família de Jacó adquiriram pelo contato com aqueles e também pessoas que eram de cultura pagã que passaram a fazer parte da família de Jacó.

2) (Salmos 73:6 – ARA). “Pelo que a soberba lhes cinge o pescoço como um colar; a violência os cobre como um vestido.”

Há aqui uma comparação com a soberba, o orgulho (NVI), obstinação. Normalmente o que é orgulhoso não mantém oculto o orgulho, e isso é notável, pois o que está no “pescoço” é visível e está à mostra. Aí ostentação é algo evidente. Por qual razão alguém usaria algo pendendo no pescoço, nas orelhas ou nos pulsos a não ser por ostentação, para exibir luxo ou simplesmente chamar atenção para o seu “eu”? 

Quando o “eu” está em evidência, se aparece mais que a simplicidade de uma vida cristã originada por Deus no ser, então a atenção e a glória que devia ser dirigida à Divindade é desviada para o ego do ser humano, e isso se constitui em IDOLATRIA de acordo com o primeiro e segundo mandamentos do decálogo: “Não terás outros deuses além de mim. Não farás para ti nenhum ídolo [...]” (Êxodo 20:3,4 – ARIB).

A ordem de Deus
1) (Êxodo 33:3-6 – NTLH) 3 “Vocês irão para uma terra boa e rica. Porém eu não irei, pois vocês são um povo teimoso, e eu os poderia destruir no caminho.
4 Quando Moisés deu essa mensagem aos israelitas, eles começaram a chorar, e ninguém usou as suas joias.
5 Então o SENHOR mandou que Moisés dissesse a eles: – Vocês são um povo teimoso. Se eu fosse junto com vocês, mesmo que fosse por apenas um momento, eu os destruiria completamente. Agora tirem as suas joias, e eu vou resolver o que fazer com vocês.
6 Assim, depois que os israelitas saíram do monte Sinai, não usaram mais joias.

Mais uma vez nesses versos vemos a ligação do uso de joias com “obstinação” que está ligada à idolatria. Deus deu uma ordem ao seu povo para retirar suas joias que eles trouxeram do Egito. Agora o povo foi libertado por Deus. Essa ordem de Deus serviu para cortar toda relação e recordação da escravidão. O Egito é símbolo do pecado. Deus os libertou para serem livres e distintos, serem um exemplo do que é ser um povo liberto e exclusivos de Deus. Deviam ser um exemplo para o mundo, um testemunho sem nada que os escravize e os desviem da verdadeira adoração a Jeová o Seu Deus, Senhor e Libertador.
Como deveria ser o costume do povo de Deus hoje? Deve haver uma marcante diferença? Como entender as implicações desses textos em nossa vida diária?






A atual crise de autoridade sobre revelação


Na questão da Revelação há atualmente uma crise de autoridade. Sem Revelação não há Teologia. A única maneira de conhecer a Deus é pela revelação que Ele faz de si mesmo. O conceito tradicional de Revelação que comunica verdades objetivas é desafiado pela Revelação Existencial. Tomás de Aquino foi quem influenciou toda a Teologia Católica até o II concílio do Vaticano.

A nova corrente teológica – a NEO-ORTODOXIA, rompeu com a posição da Reforma com respeito à Revelação. Para eles a revelação ocorre agora quando a Palavra de Deus que é Cristo é proclamada e recebida pela fé. Oscar Cullmann e W. Pannenberg, falam da Revelação como a história da Salvação. Já F. Schleiermacher, Albrecht Ristsch e C.H. Dodd unanimemente falam da Revelação como uma experiência interior. Gregory Baum e Gabriel Moran compreendem a Revelação como uma percepção ou consciência. Para a Teologia da Libertação, Revelação ocorre quando conhecemos e aceitamos o chamado de Deus para participar da luta histórica por libertação. 

A Teologia Liberal afirma que a Revelação Geral é suficiente para a salvação. A tradição de Tomás de Aquino afirma que a mente racional com a ajuda da analogia de Deus é capaz de provar a existência e a perfeição de Deus. A revelação especial que é dada através de sonhos, visões teofanias, alcançou seu clímax em Jesus Cristo.    

Nas eras moderna e pós-moderna muitos cristãos concluem que a revelação cognitiva especial procedente de Deus é impossível. Abordando a doutrina da Revelação, os teólogos tentam interpretar as Escrituras partindo da suposição de que em sua redação participaram unicamente seres humanos. Os críticos históricos veem no conteúdo das Escrituras o produto de um longo processo de evolução cultural. As Escrituras falam de uma variedade de padrões divinos na Revelação. Na introdução da Epístola aos Hebreus Paulo afirma que “Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, [...]” (Heb. 1:1-2 ARA).

Resenha de leitura por: Gilberto B. da Silva

Referências:

REID, George W (Ed.). Compreendendo as escrituras: uma abordagem adventista. Engenheiro Coelho: UNASPRESS, 2007.  págs. 59-91.